O POETA PASSARINHO
Tenho um passarinho que canta
e encanta,
quem o ouve, nas manhãs lindas
ou nas tardes viçosas,
de onde se desprendem olores
a flores e a terra molhada,
depois de mais um dia de chuva.
Gosta de sementes e de plantas
e depenica,
com prazer, até chegar ao talo,
enquanto é observado por olhos
ávidos de pardais de rua, que
aos saltinhos procuram no chão
a rara comida que ele dispensa.
Já apanhou bem os seus sustos,
quando,
um grande milhafre, tentava
em vão, assaltar-lhe a gaiola,
branquinha como neve, mas eu
sempre atento, sei quando ele
está a passar por aflições.
É um pouquinho mau à mesa,
pois espalha
tudo no fundo da gaiola, e eu
como não lhe meto mais comida,
fico à espera que do chão se vá
alimentando, então sim, quando
vejo só sujidade, cuido dele.
Feliz põe-se as saltos de um para
o outro lado,
fazendo acrobacias para se
valorizar a ele mesmo, sabendo
que a recompensa o espera,
com alpiste, vitaminas e água
bem fresquinha para se banhar.
Depois de muito cuidado põe-se
a chilrear,
e os vizinhos vêm à janela para
escutar e a suas belas melodias,
que ele dobra, como ninguém,
fazendo várias variações no pio,
que nos deixa todos extasiados.
Jorge Humberto
27/03/11