BOA-NOVA

Nunca olhei para trás;

talvez porque o passado não me

seduza.

Ou talvez, quem para trás,

fica observando,

fita a Medusa,

que o vai devorando.

O passado ao passado, pertence…

e vamos na vida, que se chama

presente.

Quem assim, de si, se convence,

verá doirar o entardecer,

num Poente,

a envaidecer.

Escrevo, porque me dita a alma…

e tocam os sinos, da minha

aldeia.

Arrebatem na tarde, com calma,

a chamar as gentes ao Adro –

o que aqui foi, é e semeia,

embora eu preferisse, sonhar um Prado.

Dormi, sonhei, um pássaro cantou.

Corre o rio,

para onde lhe leva o mar.

Cingiu de prata o céu, a lua, que lá amainou.

E as estrelas, aos pares, indecisos,

a Boa-Nova, vão levar,

àqueles mais doídos e imprecisos.

Jorge Humberto

09/01/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 09/01/2011
Código do texto: T2718730
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