ALENTEJO

Janelas coloridas abertas ao sol

paredes caiadas

de um branco puríssimo

portas em abóbada

lembrando outras histórias

souvenirs pendurados na parede.

De estradas empedradas

tu és feita

ó aldeia portuguesa

e enfeita-te a tarde

na mansidão das planícies

no sossego

de teu apego

à terra.

Candeeiros e iluminarias

realçam o azul do céu

animais percorrendo

tuas ruas estreitas

carregam alforges

e carroças de madeira

o poema que se perde

nas horas

de um entardecer

no fim do horizonte –

linha paralela

com seus trigais,

suave brisa nas espigas

enquanto anoitece

e a poesia acontece.

E as crianças e os cães

saem à rua

para correr e saltar

entre as searas

de teus planaltos

iluminadas as eiras

pela luz da lua

uma coruja parada

pia baixinho

junto ao sino

da igreja bonita

que os aldeões

ajudaram a erguer.

E antes da ceia

no chão a ajoelhar

reza-se pelo pão

fermentado

por mãos calejadas

amigas e familiares

que sabem da seiva

com que nasceu

este poema.

Jorge Humberto

05/02/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 05/02/2010
Código do texto: T2071601
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