NA MINHA CASA DE MADEIRA

Uma casa, toda ela de madeira, no fim de

um pontão, fundeada e assente, por grandes

troncos de árvores, na areia do mar, seria aí

que eu gostaria de fazer,

minha vida quotidiana e sem pressas.

E por entre o ranger da ponte, carcomida pelos

ventos e o sal marinho, no caminho de casa,

o mar era por demais convidativo e a plenos

pulmões corria, usando o peso de meu corpo,

para de seguida mergulhar, nos azuis das águas.

Janelas sem cortinas, sempre abertas, assim a

porta de minha humilde casa, por vezes

pareciam chamar-me, para cuidar um pouco

de sua velhice, tapando buracos, fazendo-me

atentar, principalmente, no velho telhado.

Saindo do mar buscava então madeira e pronto

trazia-a, para dentro de casa. Passo a passo,

com toda a dedicação e grato esforço, reforçava

as partes mais débeis e necessitadas, como eram

os casos das telhas soltas e do próprio pontão.

Por pouco dinheiro e algum do peixe, que todos

os dias pescava, junto de minha casa, consegui

o que se pode chamar de um bom negócio, ao

adquirir um barco a remos, da parte de um velho

amigo, tendo-o atado a um dos pilares da ponte.

Desde aí que todos os entardeceres, soltando o

barco, remava bem até ao meio da linha do

horizonte, envolto de mil cores e suaves olores,

enquanto ansioso esperava mais um pôr-do-sol,

observando, ao longe, altaneira, a minha casa.

Jorge Humberto

28/07/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 29/07/2009
Código do texto: T1725618
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