A NOITE É TUA TESTEMUNHA

Tua silhueta sinuosa, percorrendo

toda a casa sem um único passo

audível, em absoluto silêncio, noite

dentro, apenas deixa escapar,

algumas sombras, nas paredes, se

acaso se achega um pouco mais de perto,

das janelas, aonde uma ténue luz,

atrevendo-se, penetra,

nos bastidores, da grande sala.

Como que exercendo, sobre ti, um

enorme encanto, tal luz, emanada pela

lua, leva-te a puxar as cortinas, por

completo, da grande casa, e, ali ficas,

por instantes, observando a estrela.

Nisto lá fora um gato pardo, parece olhar

para ti, a momentos, para de seguida,

retomar o seu curso, de todos

desconhecido,

desaparecendo, por entre esquinas,

até o perderes de vista.

Impelida por toda esta magia, que só a

noite revela, com seu pragmatismo,

decides-te por ser a acção, indo buscar

seu próprio propósito, e, como que

experimentando, tal conceito, num

repente, deixas-te levar pela dança,

que, vinda dentro de ti, faz-te mulher

por inteiro, de sorriso nos lábios.

Então como que num encolher de ombros

e abertos os braços no etéreo, cabeça

ligeiramente caída para trás, sais de ti,

em perfeita harmonia, com a noite.

Jorge Humberto

10/02/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 11/02/2009
Código do texto: T1433860
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