FOTOGRAFIA RASGADA

Tal como uma fotografia incompleta,

pedacito por pedacito, completas tua

puberdade, e, chamas, a ti, a mulher,

que esperando vem, de à

algum tempo, que a assumas de direito.

De uma vida, cheia de retalhos, de flores

e de espinhos, de avanços e de recuos,

tua fotografia, por tuas próprias mãos,

a rasgaste, mil vezes, não te achando

merecedora, do que o espelho te dizia.

Tal exigência, era um comportamento,

eloquente e sistemático, de tua insegurança,

junto das outras jovens e rapazes,

de quem fugias, qual estrangeira,

em seu país, recusando-se a ver sua beleza.

E quanto mais construías na vida, mais

perturbada ficavas, pois que tudo era

uma mescla, de fotos desenquadradas,

onde te recusavas a juntar-lhe, as restantes

peças, tal qual a história, do patinho feio.

Veio o dia, porém, em que, depois de muito

sofrimento a sós, aos poucos, embelezar-te,

lhe achaste sentido, e, horas perdias,

penteando teu belo cabelo, e a prata explosão,

mostrou-te por inteira, e, repulsa, não veio.

Finalmente tinhas olhado para ti, com olhos,

de mulher, e, com singeleza, deixaste partir

a jovem, antes retalhos, de papel, rasgado,

que te faziam duvidar, de tua real pessoa,

tornando-te num cisne, do mais puro branco.

Somos pedaços, de outros tantos pedaços!

assim aprendamos a ficar só com o que nos

realiza, unidas, as peças soltas, uma por

uma, sem receio algum, do que venhamos

a ver, no fim, do quadro, em sua conclusão.

Jorge Humberto

19/01/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 20/01/2009
Código do texto: T1395106
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