A GLÓRIA PERSISTIRÁ

Amanhece detrás do rio. Meus olhos

rasgados pela luz matinal,

procuram ir um pouco mais além,

dentro do horizonte, buscando as cores

múltiplas, que vão urdindo meu corpo,

em pequenas nuances, deixando

as sombras fúnebres para trás.

Por fim, irradiando luzes e cores, um

sorriso invade por completo o meu rosto,

e, subindo as calças, numa ânsia de

outrora, caminho seguro, para dentro das

águas, abordando as margens do rio, com

uma vontade louca, de me unir à sua

essência líquida, mãe de tudo que existe.

Passam alguns barcos de pesca, e, num

aceno recíproco, cumprimentamo-nos, uns

aos outros, embora consiga vislumbrar, em

seus rostos, queimados pelo tempo, um

certo espanto, pela cena insólita, agora que

me despi por completo e nado, a bom grado,

para cá e para lá, encorajando as ondinhas.

Pena que as águas já não estejam tão

límpidas, como noutros tempos, embora

também não tão poluídas, como se possa julgar.

É o meu rio Tejo, partida para o Mundo,

e, eu, como seu filho, presto-lhe tributo, mais

do que merecido, minha vista madrugadora,

que sempre me recorda, glórias duradouras.

Jorge Humberto

06/11/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 07/11/2008
Código do texto: T1271159
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.