NO CORRER DA MANHÃ

No raiar da manhã fragrâncias invadem

a casa, percorrendo os quatro cantos.

Lá fora os corvos, estridentes, como só

eles, exigem seu lugar, debaixo do sol.

Buscam os frutos caídos durante a noite,

saltitando de jardim para jardim, negros,

bem negros, de olhos vermelhos como

chamas, de beleza a ninguém indiferente.

Apenas a nossa cadelinha, late sem parar,

reafirmando aos audaciosos corvos, quem

ainda manda ali, correndo atrás dos biltres,

fazendo-os partir, numa louca revoada.

E eis é chegada a hora do pequeno-almoço,

com o cheiro a pão quente, abrindo apetites

mais vorazes, depois de uma noite, bem

dormida; e, há uma alegria salutar, à mesa.

Depois de espantar os corvos agoirentos,

até a nossa cadelinha, viu a sua refeição

reforçada, e, roçagando nossas pernas,

foi vê-la comer com agrado, solto granulado.

Agora que todos partem, um a um, para seus

afazeres diários, despedindo-se, à distância,

a casa parece tornar-se enorme e vazia, com

as janelas absorvendo as imagens recorrentes.

Jorge Humberto

29/09/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 30/09/2008
Código do texto: T1204123
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.