E POR FALAR DE CHUVA

E há uma chuva persistente,

bem para lá de minha janela, aberta

ao mundo e aos recantos mais

fugidios.

De tão persistente, tudo molha:

árvores, jardins, animais e pessoas…

num leve romantismo,

na sua partilha com a natureza.

Gris se mostra o céu, prenhe de

nuvens cerradas. Dir-se-ia, que é

chegada a hora, de todas as

nostalgias.

Entanto não deixo de reparar, que

os pescadores, estão de regresso

a casa, dando ritmo endiabrado a

seus barcos, para que logo aportem,

na foz ansiada, e, possam, assim,

abraçar a saudade de seus filhos e esposas.

Chuva, mãe de toda a abundância,

não cessa seus desígnios. E há um

cheiro a terra, prenúncio de vida,

pronta a despontar, filigrana a filigrana.

E um jovem, mais apaixonado, enfrenta

a intempérie, para interiorizar num jardim

e escolher a flor preferida, de sua amada:

vejo-lhe no rosto limpo e nos olhos

a surpresa, que ele julga, por ela desejada.

Quanta beleza, há na chuva! Cai porque cai

e assim está certo.

Fora eu um louco e andaria

ao seu ensejo, quem sabe rindo de mim

mesmo, ou no sabor inolvidável, de fazer

parte de sua intrínseca beleza, que não

regateia o quê ou quem molha.

E há uma chuva persistente, para lá

de minha janela e todo o verso é pouco,

para dizer de minha alegria.

Jorge Humberto

05/09/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 06/09/2008
Código do texto: T1164603
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.