O DIA DA MUIÉ - Poesia Matuta
I
Hoje, in teu dia, passiando,
passei num belo jardim.
Me incantei cum o prefume,
d’uma rosa e d’um jarmim.
Me chegô a inspiração,
mode eu dizê cum emoção,
muié, o qui tu é prá mim.
II
Tu é a fonte do desêjo,
do poeta, cum certeza.
Dona do meu pensamento,
referença da beleza.
Prá eu, tu é um colosso,
um poema de carne e osso,
feito pura natureza.
III
Éis a musa duis meus verso,
tema da minha canção,
a lágrima e o surriso,
qui habita in meu coração.
Teu incanto é inigualáve;
tu é uma fonte insecáve,
de amô e de inspiração.
IV
Éis uma fonte no diserto,
um apara-queda, no á.
Um incêndio, adonde o ixtintô,
num pode, o fogo, apagá.
Quero ardê sem sintí dô;
no fogo do teu amô,
quero me caibonizá.
V
Quero fazê do teu colo,
um níin, mode eu me deitá.
Quero, cum teu cafuné,
o meu côipo, relaxá.
Fazê, sem quaiqué pudô;
In vêiz de sexo, amô;
adrumecê e sonhá.
VI
Dispôi, quero me acordá,
sem sabê nem quem é eu.
Inté o fim duis meus dia,
guardá o qui acunteceu;
na mente e na minha boca,
essa aventura tão lôca,
e o gosto do bêjo teu.
VII
Eu quero sê o tapete,
adonde tu vai passá.
Tombém quero sê um pêxe;
in tua rêde, me inganchá.
Ficá preso in tua máia;
quero sê tua tuáia,
dispôi do bãe, te secá.
VIII
Aí...tu vai passá eu,
sem sabê qui é um incanto,
duis pé inté a cabeça;
dispôi, ô faiz d’eu, teu manto;
ô s’inrróla in neu cum jeito,
dá um nózíin pertíin duis peito,
e leva eu prá todo canto.
IX
E fazendo eu tão feliz,
me dando tanta alegria,
inquanto troca de rôpa,
bota eu in riba da pia.
E ali, tão pertíin, eu vejo,
a musa do meu desêjo,
do meu verso e da poesia.
X
Muié, tu é tudo prá mim!
E pruqui eu vô pará.
Tu é um tema sem fim,
mode in verso, eu isartá.
Éis tão amada e querida,
qui a mió coisa da vida,
prá esse poeta, é te amá.
XI
FELIZ DIA DA MUIÉ;
no verso eu vô mais além.
O poeta apaixonado,
qui tanto ama e te qué bem;
diz no verso e na poesia:
Muié, se hoje é teu dia;
é dia do home tombém!...
Bob Motta