A CASA DAS LETRAS
A CASA DAS LETRAS
A casa das letras quer alforria,
E doa fardão a quem representar,
Mas também é viver de alegria,
Por isso o músico vai adentrar.
Tudo são letras, juntas no traço,
Como as estrelas no céu estão,
Desde que vejo no meu espaço,
Tudo o que verso com emoção.
Antes de tudo, havia a fala,
Mas ela precisa se eternizar,
E, só por isso, tudo que exala,
Ainda fala com um linguajar.
Na academia, a língua não cala,
Então nós vamos só festejar,
Todos poetas em farda de gala,
Mesmo que seja para sonhar.
Lá fica eterna a fala do dia,
Pois dor e alegria vão exaltar,
E cada escrito será fantasia,
Nos livros que o vento levar.
Mas há um Machado já escrito,
Sobre um monolito sem adernar,
Com os passos de Gil, tenho dito,
Se foi preciso Fernanda chegar.
Todos serão mais que imortais,
Pois esse plano é de lembrança,
Onde a missão não tem digitais,
E não se cala se há esperança.
Nossa poesia não cabe em museu,
Pois ela não vive somente de olhar,
Mas só requer um sonho tão seu,
Para ser sol ou mistério e luar.