DE TREZENTOS A MIL
DE TREZENTOS A MIL
Celebrar com trezentos,
Lembrou-me de Esparta,
Quando há mais mil eventos,
Com a beleza que encarna.
Comparem logo o que digo,
Ou voem no céu de Sumatra,
Com o kracatoa explodindo,
Ou toda bomba que mata.
Por cada texto de artigo,
Todo meu sonho se exalta,
Pois só um verso incontido,
Me exorta ao que nos falta.
Todo os dias que escrevo,
Só cura a loucura tão farta,
Ou se propõe a meu medo,
Como há queijo da vaca.
Pois ele traz os segredos,
Da cozinha ou da estrada,
E outro só mostra enredos,
Ou são comida estragada.
É assim que me vi sarraceno,
Porque antes jantei na Galícia,
Naveguei pelo Tibre e Reno,
Na escrita que hoje é notícia.
Mas me sigam, morto ou vivo,
Pois escrevo que a vida é bala,
Mas também dou alma ao livro,
Pelo preço que nunca me cala.
Ser poeta ou ser um menestrel,
É o jeito que Deus nos exorta,
Como a cova foi pra Daniel,
A visão dos leões que importa.
Que fique claro eu ser eremita,
Com o choro da dona saudade,
Mas a herança da vida que grita,
Vem da parte que foi vaidade.