Clarice
[Uma homenagem à imortal Clarice Lispector,
(Chechelnyk/Ucrânia, 10/12/1920 – Rio de Janeiro/RJ, 09/12/1977)]
CLARICE
(Quem foi que disse?)
Quem foi que disse
Que não gosto da Clarice ?
De suas palavras de algodão
Tão leves
Com todo o peso da emoção,
Entregues
Na forma exata do coração?
Saiu da terra ucraniana
Ainda pequenina, a sagitariana
Para com toda certeza
Naturalizar-se brasileira
Com a brasilidade pernambucana
E sem nenhuma riqueza ou cacife
A família estabeleceu-se no recife
E a família da jovem Chaya
Depois radicou-se por inteiro
E foi para uma outra “praia”
Na cidade do rio de janeiro
Exerceu o jornalismo
Mas foi pela veia do lirismo
Que espalhou sua prosa e poesia
De uma forma e de um aspecto
Que só se observava, só se via
No maravilhoso texto da Lispector
Em 9 de dezembro de setenta e sete
Na véspera do seu aniversário
Uma grave doença do ovário
Uma perda, tão dolorosa e inconteste
A fez, de escritora à registro de obituário
A literatura na terra ficou mais pobre
Mas o céu, certamente, mais nobre
Com a sua morte
E com fatal sorte
De tê-la, precoce, na eternidade
Deixando à época a precocidade
Para a literária e eterna saudade.
Por isso,
Quando choro no coração
Um choro doído, dolorido
Pela orfandade dos seus leitores
Subo os olhos à imensidão
Eu vejo no céu o colorido
Num arco-íris de todas as cores:
É ela, como resposta
Chorando de volta.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
(Direitos reservados. Lei 9.610/98)
10 de dezembro de 2018