Círio de Nazaré
À noite,
a Trasladação.
De manhã,
o Círio.
Na mão,
velas, terços, promessas,
lírio.
A lágrima cavuca a fé,
pé ante pé.
Os romeiros escorregam os passos
e os laços.
A corda protege a Santa.
Cânticos sagrados
criam rimas e estimas.
O suor molha o sangue.
Salva de palmas
agitam a mão e a aflição.
Soluços sobre o asfalto
ninguém falto de luz.
Amor, fé, oração.
Gritos de salve,
justamente, juntamente.
Mais de dois milhões de peregrinos,
diversos destinos.
As lágrimas, gotas flamejantes, molham as faces
e o céu despeja chuva santa.
O Círio, Deus manda de presente
e também de futuro.
O ar sagrado de Nazaré
desdobra sentimentos e o olhar que flutua.
É a imagem deslizando na manhã
e todos se entrelaçando na mesma luz.
Na contextura de sonho e esperança,
tudo se incorpora no mesmo sopro.
Círio é poesia e paisagem.
é passagem.
No fim da manhã, nossa mãe chega à sua casa,
com louvores e preces,
todos pedem paz.
O Círio guarda alma,
eternidade e saudade.