MÃE ROSEIRA
(Samuel da Mata)

Diria que és rosa em perfume e beleza,
delicada e serena no seu jeito de ser
Mas se vista de perto, te digo: és roseira
em amor e afeto, abnegado viver

Os perfumes e as flores que enfeitam o jardim
são as tuas carícias dedicadas a mim
O ciúme o cuidado com que viver a me olhar
são agudos espinhos o jardim a guardar

Os botões que florescem com inefável vigor
são os rebentos do ventre, frutos do teu amor
Os insetos e pássaros na roseira a pousar
são amigos cativos de sua graça sem par

Cabelos assanhados em meio a aflição
são pétalas que voam sob o vento da dor
Teus olhos cansados por mais um serão
são folhas que murcham no abrasar do calor

As mudas tiradas, pondo o tronco a sangrar,
são teus filhos e filhas que pra longe se vão
E aqueles que partem para não mais voltar
são seus brotos tosados a tesoura e facão

Raízes profundas te fazem resistir
às intempéries que te vem açoitar,
Mas ao raiar da aurora tu já estás a sorrir
em perfume e em flores, o jardim a alegrar

Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 24/10/2013
Reeditado em 01/05/2023
Código do texto: T4539357
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.