POEMA DE PREPARAÇÃO DO RÉVEILLON


I - CHAMPANHE: A BEBIDA!
 
Nas profundezas da terra, na frieza e escuridão;
Nos túneis de giz de Moët et Chandon deixei
O summum deste ano armazenado, e fiquei
Impaciente aguardando sua festejada conclusão!
 
Ele diluir-se-á e parte do corte fará
Do melhor champanhe, para orvalhar
O ano vindouro, pois neste Réveillon
As bênçãos o monge beneditino dará,
Com seu fresco e amendoado olhar:
Quero ser servido por Dom Pérignon!
 
Neste summum prudentemente engarrafado,
Está o que de melhor no ano pude preservar
Para agora libertar ao estourar a doce bebida
Tradicional ao que é festejado e comemorado,
Apropriada às alegrias e vitórias, como estourar
Fogos de artifício no Réveillon da minha vida!
 
Na cristal taça de desejos começo a derramar
A translucidez champanhe da líquida alegria
A borbulhar sonhos e esperanças, e a propiciar
Sabores e aromas de felicidade e harmonia!
 
O perlage quero fino, duradouro,
Abundante e deveras persistente,
Para que a felicidade goze do ouro
Destes atributos de forma permanente!
 
O perlage do tipo chardonnay ao amor devo reservar,
Mas a espuma tão fugaz do mar dourado da luxúria,
Como o da divindade nascida em marinha espuma,
Na ebriedade dos encantos da alcova devo degustar!
 

II - ÂMBAR: A GEMA PARA O ADEREÇO!
 
A bebida ambarada da região nordeste da França
– qual âmbar apreciada – lembra-me que tenho mantido
Aprisionado e fossilizado em âmbar meu coração,
Preservando-o em um belo receptáculo de pujança
Para somente em um novo janeiro ter seu selo rompido
– meu coração estará aberto, mas não à visitação!
 
Também utilizei esta belíssima e fossilizada resina
Para aprisionar como insetos a tudo que não desejo
Mais presente em minha vida, e com essa gema fina
Devo adornar-me para o Réveillon – fausto festejo!
 
E aos que se adornam com a pessoa amada aprisionada
– ou conservada – no âmbar, um conselho: rompam o selo
Nesta época tão auspiciosa, tolerante, generosa e animada!
 

III - REIMS: A COROAÇÃO DO BRINDE!
 
Normalmente não sigo modismos e primo pela singeleza
– deixo de tomar um vinho espumante para feliz saborear
Uma boa Sidra – mas pela cor o champanhe está na moda!
Cor neutra que combina com o tom da pele e com a beleza
Do ouro; cor de bom gosto que orna quando se pode gastar
Em uma decoração luxuosa para as festividades da alta-roda!
 
Ainda que à guisa de chiste, permitam-me simular
A arrogância para adornar com ouro e luxo a Poesia,
E aos amantes do luxo e das riquezas poder agradar
– seja pela falsa nobreza da desumana burguesia
Ou pelo vazio glamouroso da aristocracia a esnobar!
 
Que soem os sagrados sinos da Catedral de Notre-Dame de Reims!
Como os grandes reis da França, quero coroar meu ano com riquezas;
Reis que brindavam e bailavam com as castas douradas francesas!
 
A casta da alvacenta Rainha Chardonnay com o frescor
E o doce aroma de seu beijo – beijo que ao paladar
Lembra abacaxi, maçã e melão!  Dizem que seu humor
Depende das peculiaridades do viticultor e do terroir.
 
A casta da caprichosa e indomável Pinot Noir,
Com aroma de cereja vermelha e framboesa!
Encorpada e elegante, seu beijo pode arrebatar
– compõe o baile e lhe dá longevidade e leveza!
 
A casta da pequena e delicada
Pinot Meunier, que harmoniza
O baile das castas e o ameniza!
 

IV - LIBAÇÃO A BACO: A SUPERSTIÇÃO!
 
E já que estamos com alegre espírito,
Tolerante e benevolente, permitam-me
A superstição de um antigo e breve rito!
 
Tomo o cacho de uvas e o deixo esmagado,
Com o sangue púrpuro por entre meus dedos
A escorrer, e vertendo-o sobre o cálice dourado
Inicio a libação a Baco em versos livres e ledos: 
 
Benévolo Baco! Filho de Júpiter e Sêmele!
Alegria dos homens! Deus que aviva a homens
E animais com o fogo que corre em vossas veias!
Deus do vinho e da divina ebriedade,
Que transforma as bebidas ácidas em doce néctar;
Que fermenta a uva e nos dá em sacrifício
Vosso sangue como alimento na forma de vinho,
De sabor agradável e efeitos transcendentes;
Permiti que assimilemos o fogo e a luz dos Deuses,
Que agora reconheço no mosto que é vertido neste cálice,
Como as sagradas sementes em rubro sacrifício
No ventre da Telo
fértil!
 
Ao fim da invocação, bebo um pouco e o restante
Derramo em solo fértil – para o brinde sirvo-me
da bebida pronta: qualquer doce vinho espumante!
 
Ao contrário do Natal, que cruelmente advém
Somente para uma minoria de afortunados
Que sonha com fortunas, o novo ano vem
Também para os esquecidos desafortunados!
 
Devo brindar porque espero que de algum modo
A Fortuna seja generosa para com todo o povo
Este ano, pois com as injustiças me incomodo
E quero que todos vivam um FELIZ ANO NOVO!!!
 

Julia Lopez

01/01/2013
 

 

Nota sobre a foto: imagem da internet sem identificação de autoria. Busco exaustivamente a autoria de cada imagem, mas nem sempre a encontro. Caso alguém conheça sua autoria, por favor, me informe para que eu possa identificar a imagem e dar o merecido crédito ao artista!

 


Visitem meu Site do Escritor: http://www.escrevendobelasartes.com/

 

Julia Lopez
Enviado por Julia Lopez em 17/03/2013
Reeditado em 11/01/2024
Código do texto: T4193084
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.