Julia Lopez é paranaense radicada em Mato Grosso, onde trabalha como Servidora Pública efetiva na Sede da Reitoria da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Divorciada e mãe de um filho, formou-se em Gestão de Recursos Humanos em 2014, deixando de vez a profissão de Técnica em Informática, a qual sentia mais como um hobby do que como um trabalho de fato, devido a ser uma entusiasta de tecnologia. Filha tímida e insegura de uma Pedagoga e um Terapeuta, até o ano de 2017 assinava sua obra poética como seu eu lírico, permanecendo anônima. Após uma longa fase aureliana de seis anos, durante os quais deixou de dedilhar a lira nas cordas pautadas do pergaminho em que seus versos eram contados e cantados, decidiu entreabrir seus lábios – emudecidos por toda uma vida – e passar a cantá-los por si própria, depondo seu eu lírico de outrora e coroando com lírios seu eu verdadeiro, dando-lhe a lira de Terpsícore a fim de cantar o coração de Euterpe a cada corda beliscada; anunciando seu nome aos ventos na esperança de ser soprada pelos Alísios até os Elíseos; trazendo ao Sol suas iridescentes asas na esperança de que voem até o doce néctar de Hebe – renascimento! 
 
Sim! Acabei por me desviar da mera formalidade descritiva de uma simples biografia em razão de sua extrema ineficácia em descrever a mulher que sou em essência, muito além da efemeridade palpável e visualmente apreciável. 

Quando perguntamos a uma pessoa quem ela é, normalmente ela responde dizendo qual é sua profissão, sua ocupação ou a sua titulação, como se as aparências e as atividades – elementos tão superficiais – definissem quem ela é! Nunca fala do Ser, ou seja, perde-se na superficialidade e mecanicidade da vida e se esquece de si mesma, de quem realmente ela é! É justamente nesta confusão que o Ser Humano perde seus valores, sua verdadeira essência; é onde ele fatalmente se perde! Quem ele realmente é, está constituído pelo triunvirato alma-mente-coração, cujos desideratos ditam a forma com a qual impera sobre cada aspecto de sua vida! A respeito disso, ou seja, a respeito de sua verdadeira essência, ninguém pensa ou ousa falar, seja por ignorância ou por impossibilidade de expressar com palavras! Por toda minha vida, refleti profundamente sobre essas questões que me deixavam confusa e aflita; e com a maturidade veio, gradativa e lentamente, o entendimento e compreensão do que a poetisa dentro de mim tentava desesperadamente me dizer, muitas vezes aos brados ou em prantos – sentia tudo em meu seio!

O Poeta tem a vantagem de conseguir expressar em palavras sua essência, seu Ser, quem realmente ele é – perscrutamos sua cabeça, seu peito e sua alma! Independentemente do gênero do Poeta ou do eu lírico com o qual se expressa no momento da escrita, ainda que sejam opostos e vivam em conflito, quando lemos uma de suas obras poéticas, lemos sua alma – entramos em sua cabeça e sentimos com o seu coração! 

Assim sendo, caros amigos, faço-lhes uma pergunta: querem me conhecer de verdade? Então, por favor, procurem ver a poetisa por trás do eu lírico de cada poema; leiam o que escrevo, pois escrevo com a alma e com o coração! Se me lerem, estarão lendo minha alma singela, meu coração por vezes confuso e intenso, e minha mente por vezes complicada, complexa!

Minha alma coloco diante de vós 
Como um livro aberto 
– um livro antigo, velho – 
Escrito com a ferruginosa tinta 
Que brota do coração 
E com as etéreas palavras 
Que perfumam a mente 
– inspiradas pela alma, 
mas revestidas com conhecimento! 

Folheai com respeito, 
Pois nas páginas 
Do meu Livro da Vida, 
Lereis uma alma 
Que exultante se desnudou 
Apenas para o vosso deleite! 

Cáceres-MT, 14 de julho de 2023.

Julia Lopez