ODES DA CAATINGA

ODES DA CAATINGA

 

Já fui de motor para o ártico,

Me movendo com óleos cetáceos,

E nas correntes do mar galático,

Concebendo em forjas os astros.

 

No centro do mar joguei o anzol,

Pescando de noite um meteorito,

Mas dizem que um corvo espanhol,

Não se transforma em cabrito.

 

Essa poção mágica não funciona,

E a constelação virou sagitário,

Enquanto em Órion nem tudo apaga,

Mas Betelgeuse será o contrário.

 

Poseidon me quer ao seu lado,

Mas tenho um contrato com Zeus,

Que gosta de um cabrito assado,

E é pajeado por águias e céus.

 

E assim dedicarei minhas odes,

A quem tem o cetro e explendor,

Pois assim, sabendo quem pode,

Serei como servo ou seu condor.

 

Irei tocar cítara numa colina,

Ouvindo os sussurros de Eólo,

E olhar cada lebre na ravina,

Antes do carcará por os olhos.

 

E em meio às minhas ilusões,

Seguirei transcrevendo janeiros,

Tudo além do agreste e sertões,

Onde o esterco de cabra semeio.

 

Vou assim, esperar pela chuva,

Depois de cada seca indigente,

Para olhar seriemas nas curvas,

Onde a estrada perfura a gente.

 

Numa caatinga não tem javalis,

Nem sou Hércules ou Minotauro,

Mas tem o catitu que é daqui,

E ele sabe que a água é caro.