Apegos.
Ali, naquele descampado,
Criei meu gado, de poucas cabeças.
Ali, onde o sol dourado, doira todo o prado,
Para que eu ali permaneça.
Ali, onde no céu limpinho,
Branco e azulzinho, Deus se manifesta.
Ali, eu construí meu ninho, levei meu amorzinho,
Ser só dela é o que me resta…
Ali, ouve-se o motor de um tracionado,
Vê-se a serventia do arame farpado,
O ranger saudoso de um carro de boi…
Ali, eu manuseio o arado, num espaço abençoado,
Que estéril, nunca me foi…
Ali, o meu corpo é resguardado, pelos meus Orixás amparado,
Sou dentro da fé conduzido.
E o lugar é uma lindeza, qual um brinco de princesa,
Um jardim de bênçãos florido…
Ali, a noite me faz pequeno, céu de estrelas, véu de sereno,
Tão bucólico aquele torrão!
Onde Deus com um aceno, no Seu hausto amorável e pleno,
Assentou meu coração.
Eu conheço cada várzea, cada pasto
E quando deles me afasto, é um vazio terrível!
A saudade invade o peito, juro, nem durmo direito
Um desassossego incrível!
A lua de amor e airosa, a querer se meter na prosa,
Minha e do meu bem…
Os bichos querendo escutar, as modas que eu vou cantar,
Só para ela e mais ninguém.
E a lida diária termina, na noite de amor que fascina,
Cada quadrante da imensidão do céu;
Assim, a vida me ensina, seja lâmpada, luar, lamparina,
Seja o telhado sapé ou de telhas,
Que esteja o favo repleto de abelhas,
O que importa, é a doçura do mel.