ERA UM GAROTO

ERA UM GAROTO

 

Quando eu era só um garoto,

Tinham poucos carros na rua,

E andávamos saltando o esgoto,

Sem sandália e com bunda nua.

 

Brincadeiras com carro de pau,

Feito à faca e latas de óleo,

Nos dizia que o mundo era mau,

Mas a gente não tinha petróleo.

 

Quer dizer, em verdade havia,

Um subsolo tão rico e fértil,

Mas o gringo a tudo queria,

E no mínimo era mero assédio.

 

Depuseram nossa democracia,

Para sustento de seus pleitos,

Com desculpa de ser anarquia,

Só querermos nossos direitos.

 

Todo reino é fonte do mal,

Pois me diz haverem súditos,

E equivale ser só numeral,

Onde servo é sempre o último.

 

Se houver uma fila para o céu,

Cada nobre quer ter preferência,

E até matam a mulher sem o véu,

Ou na câmara sem a indulgência.