A CHAPADA PRECIOSA

A CHAPADA PRECIOSA

 

Vou me esgueirando na Chapada,

Com as borboletas no parabrisa,

E minha visão vai se manchando,

Tudo enquanto a lua me avista.

 

É fim de tarde e a noite é longa,

E nem tudo é igual, mas é assim,

A noite é normal, pois é de ronda,

Mas se há mal, é mesmo assim.

 

Tem as corujas se assanhando,

Velhas corcundas a olhar e piar,

E os vagalumes vão me guiando,

Pois o farol se queimou no luar.

 

Tinha a cabana de um vegano,

Que me lembrou de algum lugar,

Onde a jibóia estava chorando,

Por não ter coelho pro jantar.

 

Esse dilema é nos altiplanos,

E o Pai Inácio eu subi a sonhar,

Com uma asa delta e já voando,

Pois não é fácil ser lobo guará.

 

Mas hoje tudo é modernidade,

Com fruta européia até acolá,

Tem cachaça, café e a vaidade,

De quem labora e ama o lugar.

 

Onde há Ana ou tem Phellipe,

Moraes Moreira celebrou samba,

Pois tem a gruta e o alambique,

E o Sardinha é bom de bamba.

 

Chapada é mel e a gritaria,

Nas altitudes de quem tem fé,

E a passarada é de alegria,

E a correnteza lá fica em pé.

 

São cachoeiras e tantos véus,

Que eu me perco pelas trilhas,

Há luiz-cacheiro e o papamel,

Sussuarana e mil maravilhas.

 

Essa é a Chapada Diamantina,

Que vale o ouro que vou levar,

Lá passa França e a Argentina,

Se é preciosa pra quem vai lá.