"VERIS LETA FACIES" (PRIMAVERA)
Veris leta facies (A face alegre da Primavera
mundo propinATUR, (se volta para o mundo,
hiemalis acies (O frio do inverno
victa iam fugATUR, (já foge, vencido,
in vestitu vario (em vestido multicolorido
Flora principATUR (Flora governa
nemorum dulcisono (celebrada no harmonioso
que cantu celebrATUR. (canto das florestas.
Flore fusus gremio (Deitado no colo da Flora,
Pheobus novo mORE (Febo de novo
risum dat, hac vario (ri, agora coberto
iam stipate flORE (de flores multicoloridas
Zephyrus nectareo (Zéfiro aspira
spirans in odORE; (A fragrância de seu néctar;
certatim pro bravio (corramos para disputar
curramus in amORE. (O prêmio do amor.
Cytharizat cantico (Toca em cítara um cântico
dulcis philomENA, (O doce rouxinol,
flore rident vario (com flores multicoloridas riem
prata iam serENA, (os prados serenos,
salit cetus avium (um bando de pássaros avoa
silve per amENA, (pela floresta amena,
chorus promit virginum (O coro de virgens
iam gaudia millENA. (traz deleites mil.
(*) Poema, em latim arcaico, introduzido na Cantata Carmina Burana, tradução encontrada no site: http://www.nautilus.com.br/~ensjo/cb/
"Carmina Burana” é uma expressão em latim e significa “Canções de (Benedikt)beuern”. Durante a secularização de 1803, um volume de cerca de 200 poemas e canções medievais foi encontrado na abadia de Benediktbeuern, na Baviera superior. Eram poemas dos monges e eruditos errantes — os goliardos —, em latim medieval; versos no médio alto alemão vernacular, e vestígios de frâncico. O doutor bavariano em dialetos, Johann Andreas Schmeller, publicou a coleção em 1847 sob o título de “Carmina Burana”. Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e soldados de Munique, cedo ainda deparou-se com esse códex de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em um happening — em “canções seculares (não-religiosas) para solistas e coros, acompanhados de instrumentos e imagens mágicas”.