ACORDEI DE UM DELÍRIO
ACORDEI DE UM DELÍRIO
Certo dia acordei em sobressalto,
Pois senti o odor da fumaça,
Era a mata num fogo tão alto,
Que ardia sem mais o que faça.
Já havia um corpo esturricado,
E foi assim que morreu a preguiça,
Tão singela a buscar seu quadrado,
Mas agora é outro na lista.
Cada dia que passa nos campos,
Vejo o homem matar ou morrer,
Até se for plantar não sei quantos,
Não diverge de só querer ter.
Eles plantam capim e 'plantations',
Pois só pensam no que vão vender,
E esquecem dos velhos conceitos,
Que o diverso é quem faz viver.
No quintal quero ter toda fruta,
Mas também o tempero e raízes,
Quero sombra do vento que luta,
E um recanto de aves felizes.
Pelos galhos vou ter sábias,
Curiós, bem-te-vis e macacos,
E no chão as preás vão estar,
Com galinhas, perus e os patos.
No outro lado terei a pocilga,
Mas também as cabras e a vaca,
Pois o leite me enche a barriga,
Com o café que coei numa lata.
Só não sei se foi sonho ou delírio,
Mas eu sei todo bem que me faz,
Ter meu mundo com o equilíbrio,
Que nos faz conviver e ter paz.
E por isso eu desejo pros outros,
Mas não sejam madeira que jaz,
Matem só os desejos escrotos,
Que nos fazem doentes mentais.