LAGO OU BARRAGEM

LAGO OU BARRAGEM

 

Havia um lago e a baixada,

Mas lá de cima eu sorria,

Por conta de ver bicharada,

Matando a sede que havia.

 

São galos d'água cantando,

Enquanto o pato grasnava,

Mas até as rãs vão surfando,

Coaxando na beira da casa.

 

Naquela fazenda eu tinha,

Mais que um lago, a barragem,

E até lá a preguiça caminha,

Para vir beber com coragem.

 

Por isso eu não deixo a onça,

Passar suas tardes ali,

Mesmo se à noite há dança,

Do lobo guará com o quati.

 

Eu sei que amanhã eu acordo,

Ouvindo a cantar o juriti,

Mas gosto de tudo no acordo,

Como a sabiá que eu vi.

 

Aqui temos a lavandeira,

O e pica-pau batucando,

E pensem no louro que beira,

A casa que João tá morando.

 

Pois barro tem lá na ladeira,

Se a mata chove todo ano,

E junto aos gravetos na leira,

Eu vi assum-preto cantando.

 

Já me instigaram a roubar,

A paz de uma roça faceira,

Mas nunca eu vou encontrar,

Outro lugar na carteira.

 

Porque não há preço ao sonhar,

Se o campo nos dá maravilhas,

E assim, quero ter um lugar,

Que seja um berço de filha.