PALANKA

(ao som de pwita e ngoma)

O palanka gigante carrega paciente o dia no dorso

E caminha no trilho aberto pelas savanas aléns

Em derredor, o ribeiro chama sob o céu silvano

O ribeiro chama claríssono ao sabor de vagas

Distante, a passarada responde alto versejando

Quando em quando—

E enquanto é tempo

As árvores dão um aceno com pétalas garridas

Aos que vêm colher esperanças desprendidas

No regaço do espaço mediano—

Em baixo, vez ou outra

A brisa sopra da kandambya que sabe merecer

E a kandanda em verde se eleva acima do solo

Gloriosamente namoriscando com o besouro

No rolar do tempo à margem do bosque

Eis a estação mais generosa do ano que desemboca

Colores em barda

Num convívio de rebentos saltando à vista

Embora isso, o gigante continua sua travessia

A seu cómodo

Pensando de si para consigo

E completamente descontraído como um kikata

Hoje ele só se vai alimentar com o musgo salino

Que subespontânea nos rochedos das terras a Sul

Entre as veigas em Abril

E o sol lateral!

Palanka ou Palanga — antelope de grande tamanho

Kandambya — gramíneo alimentar de gados

Kandanda — erva leguminosa

Kikata — ente misterioso ou deformado

Escrito em Kimbundu.

Tradução portuguesa do Autor.