FILHA DE SOBA

(acompanhado de marimba e coro)

Ontem a canoa abicou ao cais do rio Kwanza —

Vinha da região que abunda em masambala

E feijão makunde

A filha de soba

Gingava orgulhosamente consigo pela tarde

Nas ladeiras do terreno arvoredo

Paralelo ao cais

O vento já maneava desconfiado e ansioso

Ao soprar

Advertindo-a do perigo que corria ali

Naquela paisagem assombrada

Quase à valada da Funda

Até mesmo o morcego-orelhudo

De mau agouro

Revelou-se na frente dela

(ao que me alembro)

Mas a nossa querida não prestou atenção

Vaidosa da sua beleza de curvas largas—

Gingava com a kinda cheia de algo

(quer masambala quer feijão makunde)

Balanceando sobre a cabeça

Chamei por ela reiteradas vezes, chamei

Mas Lemba, filha de soba

Não me respondeu

A canoa precedeu rumo às terras mais a Sul

Por meio de vagas enfurecidas

E tão repentino quanto um vulto em fuga—

Sumiu-se aléns

Resta-nos saber se a filha de soba caiu

Na valada da Funda

Ou foi levada pela canoa sumida

Entre as mandíbulas do rio serpentino!

Masambala — sorgo

Makunde — feijão frade

Escrito em Kimbundu.

Tradução do Autor.