Pia, Pura Poesia!
Eu posso ser,
Como eu sou Eu,
Mas se não fossem as flores,
Oh, as multicoloridas flores!
Os pássaros,
Oh, a singeleza dos pássaros,
Espécie que canta alegre,
quando em liberdade;
Chora triste ao ser enganado,
Com comida e água,
Em gaiola sufocado.
A leveza e a fúria dos ventos;
Oh, os ventos que sopram rostos,
Dançam folhagens,
Tombam casas,
Alteram paisagens,
Formam rumas de dunas.
A mansa chuva,
Oh, a chuva que desmonta montes de terra,
Causa avalanches!
O cardume de peixes,
Oh, das águas barrentas,
Lodosas,
Inundada de matéria orgânica,
Sem queixumes,
Mergulham e sobem à superfície,
Peixes que nadam em cardumes!
As brutas rochas, brutas;
Oh, as inertes rochas brutas que abrigam
Insetos, roedores, morcegos,
Em tempos obscenos e decentes,
Também abrigaram barbas e cabelos,
Apresentaram ao homem,
Um teto pecaminoso,
Orgia amorosa indecente.
As borboletas,
Oh, as borboletas que passaram por outros estágios,
Borboleteiam em ziguezague sem morada,
Para em poças de água e flores,
Fazer breve parada!
Os espectros de sol,
Oh, o sol transformador de cores em energia!
A Lua;
Oh, a Lua solitária que penetra nas intimidades alheias,
Banha lagos e mares,
Ronda o mundo!
As estrelas separadas,
Oh, as estrelas em constelações,
Agrupadas!
Em céu,
Oh, em céu cintilante,
Alaranjado, cinzento,
Azulado!
Com ou sem interjeição,
A Natureza senhorial,
Seresteira do silêncio noturno,
É admirável;
E se não trouxesse comigo mais uma avalanche de coisas atrozes,
Belas, rudes, ferinas, mansas, ferozes,
De natural,
Eu nada seria!