Pia, Pura Poesia!

Eu posso ser,

Como eu sou Eu,

Mas se não fossem as flores,

Oh, as multicoloridas flores!

Os pássaros,

Oh, a singeleza dos pássaros,

Espécie que canta alegre,

quando em liberdade;

Chora triste ao ser enganado,

Com comida e água,

Em gaiola sufocado.

A leveza e a fúria dos ventos;

Oh, os ventos que sopram rostos,

Dançam folhagens,

Tombam casas,

Alteram paisagens,

Formam rumas de dunas.

A mansa chuva,

Oh, a chuva que desmonta montes de terra,

Causa avalanches!

O cardume de peixes,

Oh, das águas barrentas,

Lodosas,

Inundada de matéria orgânica,

Sem queixumes,

Mergulham e sobem à superfície,

Peixes que nadam em cardumes!

As brutas rochas, brutas;

Oh, as inertes rochas brutas que abrigam

Insetos, roedores, morcegos,

Em tempos obscenos e decentes,

Também abrigaram barbas e cabelos,

Apresentaram ao homem,

Um teto pecaminoso,

Orgia amorosa indecente.

As borboletas,

Oh, as borboletas que passaram por outros estágios,

Borboleteiam em ziguezague sem morada,

Para em poças de água e flores,

Fazer breve parada!

Os espectros de sol,

Oh, o sol transformador de cores em energia!

A Lua;

Oh, a Lua solitária que penetra nas intimidades alheias,

Banha lagos e mares,

Ronda o mundo!

As estrelas separadas,

Oh, as estrelas em constelações,

Agrupadas!

Em céu,

Oh, em céu cintilante,

Alaranjado, cinzento,

Azulado!

Com ou sem interjeição,

A Natureza senhorial,

Seresteira do silêncio noturno,

É admirável;

E se não trouxesse comigo mais uma avalanche de coisas atrozes,

Belas, rudes, ferinas, mansas, ferozes,

De natural,

Eu nada seria!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 08/04/2021
Reeditado em 08/04/2021
Código do texto: T7226983
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