BUSCANDO UM POETA NA BAHIA
BUSCANDO UM POETA NA BAHIA
Voltando os olhos para as brumas de idos invernos,
Onde os saveiros atravessavam a baía,
Com todos os santos em calmaria,
Sendo poeta e pescador por um dia,
Eu vi Gregório e a boca dos infernos.
E eu, até sem meu terno,
Ou mesmo um fardão de academia,
Com frio à noite eu logo tremia,
Segurando todos meus velhos cadernos.
Atravessando o ferry boat, eu fui um dia,
Mergulhar de vez na boa heresia,
Que eu busquei entre a ilha e o continente,
Sem continência a um sério tenente,
Fui Amado e até mesmo Caymmi.
Sem saber quão sublime era o dia,
Dentre as noites em que logo me perdia,
Singrando as águas de outras vias,
Sem ter lambretas por pura iguaria,
Escrevendo minhas dores, sob todos açoites.
E onde andei, me vi cair e levantar,
Mas não é fácil de ver ou achar,
Palavras certas pra um caro castigo,
Que nem sei qual foi, por não ver que errei,
Mas um rei me disse que sangrava o umbigo.
E aqueles estalos dos chicotes,
Que achei nos ventos e maresia,
Com Espinheira e uma fantasia,
Marcaram minhas páginas e dias,
De vida e dores no cais dos pernoites.
E eu fui buscando mesmo angustiado,
Poetizar pelas terras da velha Bahia,
Olhando Elomar e Wally Salomão,
Ou Glauber Rocha na terra do sol,
Sou alegria e os sonhos que havia.
Andei atrás de inspiração pelas águas,
Do São Francisco ou de Catarina Paraguaçu,
No Rio das Contas e até mesmo no sul,
Eu poetizo num véu de noiva em cachoeiras.
Se eu pudesse estar em lúdicas corredeiras,
Veria música até num lê dos terreiros,
De samba de roda em tambores guerreiros,
Onde teria o odor e também os sabores,
Da velha chapada e tantos amores.
E Amado foi mais que uma candeia de luz,
Que iluminou cacauais pelo sul,
Com Gabrielas e Terras do Sem-Fim,
Onde até Caymmi leu do mestre, enfim,
Que "é doce morrer no mar!"
Publicada no Facebook em 03/07/2019
BUSCANDO UM POETA NA BAHIA
Voltando os olhos para as brumas de idos invernos,
Onde os saveiros atravessavam a baía,
Com todos os santos em calmaria,
Sendo poeta e pescador por um dia,
Eu vi Gregório e a boca dos infernos.
E eu, até sem meu terno,
Ou mesmo um fardão de academia,
Com frio à noite eu logo tremia,
Segurando todos meus velhos cadernos.
Atravessando o ferry boat, eu fui um dia,
Mergulhar de vez na boa heresia,
Que eu busquei entre a ilha e o continente,
Sem continência a um sério tenente,
Fui Amado e até mesmo Caymmi.
Sem saber quão sublime era o dia,
Dentre as noites em que logo me perdia,
Singrando as águas de outras vias,
Sem ter lambretas por pura iguaria,
Escrevendo minhas dores, sob todos açoites.
E onde andei, me vi cair e levantar,
Mas não é fácil de ver ou achar,
Palavras certas pra um caro castigo,
Que nem sei qual foi, por não ver que errei,
Mas um rei me disse que sangrava o umbigo.
E aqueles estalos dos chicotes,
Que achei nos ventos e maresia,
Com Espinheira e uma fantasia,
Marcaram minhas páginas e dias,
De vida e dores no cais dos pernoites.
E eu fui buscando mesmo angustiado,
Poetizar pelas terras da velha Bahia,
Olhando Elomar e Wally Salomão,
Ou Glauber Rocha na terra do sol,
Sou alegria e os sonhos que havia.
Andei atrás de inspiração pelas águas,
Do São Francisco ou de Catarina Paraguaçu,
No Rio das Contas e até mesmo no sul,
Eu poetizo num véu de noiva em cachoeiras.
Se eu pudesse estar em lúdicas corredeiras,
Veria música até num lê dos terreiros,
De samba de roda em tambores guerreiros,
Onde teria o odor e também os sabores,
Da velha chapada e tantos amores.
E Amado foi mais que uma candeia de luz,
Que iluminou cacauais pelo sul,
Com Gabrielas e Terras do Sem-Fim,
Onde até Caymmi leu do mestre, enfim,
Que "é doce morrer no mar!"
Publicada no Facebook em 03/07/2019