Trovas da Estrada 
(Samuel da Mata)


Contemple a beira da estrada
E veja o que o tempo faz
Vê tudo que já  foi sonho
E que hoje não é nada mais

Fazendas abandonadas,
Casas caindo aos pedaços
Galpões que viraram entulho
Riquezas entregue aos ratos

São sonhos interrompidos
Por doença, morte ou cansaço
Quando a economia flutua
Projetos vão água a baixo

Quanto dinheiro perdido
Alguém que em vão sonhou
Ferrugem e cupins comem tudo
Por mais robusto que for

Projetos mal concebidos
Por impericia ou má fé
Políticos e crocodilos
Têm na desgraça o seu mé

Quanto maior o projeto
Mais risco sofre de quebra
Sonhar é o alento da vida
Mas vida é guerra sem trégua

Se tudo fosse sucesso
A vida perderia o seu facho
Se tudo por si desse fruto
Pra que serviriam os machos?

A liberdade tem preço
Seu risco está no fracasso
Pois só o açoite ensina
O que é dor no espinhaço

Quem muito acerta na vida
Pouco consegue ensinar
Pois só os erros ensinam
Que a vida não veio pra ficar.

A vida tem pernas curtas
Não tem pra onde correr
No final de cada curva
Tudo pode acontecer

Ponha seus sonhos lá em cima
Onde o fracasso não chega
Deus põe o ritmo e a rima
Pra quem com ele aconchega


 
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 22/03/2020
Reeditado em 14/05/2020
Código do texto: T6894068
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