BECO 31
Não faço jus das palavras que proferes;
Ao deitar-se comigo na cama de aço;
Que cortando como os cacos de vidros;
Rasga minha carne viva em sombra;
Pelo momento dolorido em chama;
Pela luz do calor das palavras em ronco som;
Da sala de estar em nós já vazia.
O sangue derramas pelas paredes lisas;
E no carpete empurrado um sopro de vida;
Ainda que seja dia para lançar-me n'alvorada;
Lugares dos quais escreve recantos vazios;
De lágrima! De sorrisos! De pavores!
Tênue momento em ti desfigurado em chama;
Lamentos e sofreguidão d'alma desaparecida;
Num breve clarão de lua caída sobre nós;
Em madrugadas feridas meio as flores;
Despedida com um trago abafado de medo;
Chorei, por ti não havia chorado, nunca!
Sorri, desesperado pelo acaso girado, sei!
Pavor, medo da estranha falta de complacência;
Estou na mesma cama em escura paixão;
Triste pensar em solidão, gritar palavras...
Momentos de silêncio em resplendor;
Um talvez esplandecer em vivido ardor.