BECO 31

Não faço jus das palavras que proferes;

Ao deitar-se comigo na cama de aço;

Que cortando como os cacos de vidros;

Rasga minha carne viva em sombra;

Pelo momento dolorido em chama;

Pela luz do calor das palavras em ronco som;

Da sala de estar em nós já vazia.

O sangue derramas pelas paredes lisas;

E no carpete empurrado um sopro de vida;

Ainda que seja dia para lançar-me n'alvorada;

Lugares dos quais escreve recantos vazios;

De lágrima! De sorrisos! De pavores!

Tênue momento em ti desfigurado em chama;

Lamentos e sofreguidão d'alma desaparecida;

Num breve clarão de lua caída sobre nós;

Em madrugadas feridas meio as flores;

Despedida com um trago abafado de medo;

Chorei, por ti não havia chorado, nunca!

Sorri, desesperado pelo acaso girado, sei!

Pavor, medo da estranha falta de complacência;

Estou na mesma cama em escura paixão;

Triste pensar em solidão, gritar palavras...

Momentos de silêncio em resplendor;

Um talvez esplandecer em vivido ardor.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 01/01/2020
Código do texto: T6832012
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.