Vai o Córrego Correndo

Passo por aqui,

Volteio ao redor de pedras,

Estouro acolá,

Corto caminhos e fronteiras,

Pororocas a borbulhar.

Em viagem,

Velas e hélices valsam,

Na solitude das tardes,

Barcos e canoas dormem,

À beira da margem.

Sigo até a foz,

M'águas desafogar,

Águas desaguar.

Visito ranchos,

Desfraldo paisagens,

Rápido e rasteiro,

Meandros em voltas redondas.

Manso e caudaloso,

Carrego sonhos, ilusões,

Pétalas, folhagens, remos,

Ganchos e garranchos.

Vazio na estiagem,

Choro com as nuvens que choram.

Cheio na cheia,

Rio com os lábios que só riem.

Em minhas barrancas,

Sou farto:

Peixes e pães pescados.

Se pesado fardo,

Mesas e corações inundados,

Livram-me dos pecados.

Córrego corre,

Em rio que passa.

Lembranças queridas,

Nunca apagadas,

Boa ou más,

Jamais esquecidas.

Potabilidade, pureza, insipidez, cristalinidade.

Ontem, hoje, sempre:

Colabore.

Imploro que pague,

O meu pro-labore.

Vai o córrego correndo!

P.S.: 2020 dc: poluir e contaminar as águas é a ignorância, é a imprudência máxima, dando razão ao "errar é humano". Todavia, uma vez homem bronco, ignaro, estúpido, sempre homem estúpido, bronco, ignaro, e não há palavra sensatas de sábios que dê jeito.

É bíblico, é histórico, é passado, é hidrográfico, é atual, é o futuro.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 08/09/2019
Reeditado em 09/09/2019
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