QUANDO O CÉU CHORA SUAS MÁGOAS

QUANDO O CÉU CHORA SUAS MÁGOAS

Caiu a chuva na terra

Antes, cinza, poeira e barro

Mais este capítulo amargo

De seca cruel se encerra.

O homem do campo agora

Contente, agradece e chora

E vai cuidar da plantação.

É a temporada das águas!

Quando o céu chora suas mágoas

Quem sai ganhando é o sertão!

Ante o sofrimento e a morte

De planta, de bicho e gente

Não tem forte nem valente

Todos choram a mesma sorte.

Mas tudo é agora passado

Ri-se a gente, berra o gado

De verde se cobre o chão

Quando a chuva aqui deságua!

Quando o céu chora suas mágoas

Quem sai ganhando é o sertão!

Água a beber e alimento

Traz o inverno pros bichinhos

Pras gentes, pros passarinhos

É grande o contentamento

Dos bichos a cantoria

Só ver pra crer a alegria

Não cabe no coração!

Bem-vinda, chuva, a estas plagas!

Quando o céu chora suas mágoas

Quem sai ganhando é o sertão!

Olhe, é uma festa medonha!

Feijão verde temperado

Tem milho cozido e assado

Canjica, mingau, pamonha

Nos riachos, a água corre

Da telha, pro pote escorre

Chuva que cai da amplidão!

A alacridade nos traga!

Quando o céu chora suas mágoas

Quem sai ganhando é o sertão!

É o verde a terra cobrindo

São os passarinhos cantando

São os pintinhos ciscando

É o sertanejo sorrindo

Mãos ao alto, agradecendo

O bezerrinho correndo

É festa no meu torrão!

Feliz é a estação das águas!

Quando o céu chora suas mágoas

Quem sai ganhando é o sertão!

Lucas Carneiro

26jun.19

8h26