O CANTAR DA MORTE
I
Eu tenho por ti o esquecimento;
Por não teres tu envaidecido meu ego com amor;
Pois deixastes em mim o unguento da dor;
Como se eu não fosse o amante do amor.
II
As ondas correntes do meu mar;
Traz-me um contar em flor;
Na lira do meu ser sofredor...
Folhas varridas no chão de areia movediça;
Enterrado em mim a solidão;
No sepulcral tormento;
Na lira do gracioso escultor.
III
Dorme em mim palavras, ventania!
O véu não veste-me, é lapide, adeus...
Não mais vejo o sol;
A lua me esqueceu;
És andança que pintas;
No epilogado fostes minha sina;
Que foi morrer por ti.
IV
Estás só na escuridão da vida;
Tristes pelos corredores da tristeza d'alma;
Unguento estás tu;
Irá caiu sobre teu ser;
Mortalha vivida do lamento;
Em bendito sejas;
Teu nome adeus.
V
Estou livre com a morte;
Estive preso nos teus quadros;
Tintas de amargura;
Algemas que me torturou;
Tempo! Tempo!
Mesmo enterrado;
Vejo-o distante;
E te louvo, agradeço!
Fim da história.