O CANTAR DA MORTE

I

Eu tenho por ti o esquecimento;

Por não teres tu envaidecido meu ego com amor;

Pois deixastes em mim o unguento da dor;

Como se eu não fosse o amante do amor.

II

As ondas correntes do meu mar;

Traz-me um contar em flor;

Na lira do meu ser sofredor...

Folhas varridas no chão de areia movediça;

Enterrado em mim a solidão;

No sepulcral tormento;

Na lira do gracioso escultor.

III

Dorme em mim palavras, ventania!

O véu não veste-me, é lapide, adeus...

Não mais vejo o sol;

A lua me esqueceu;

És andança que pintas;

No epilogado fostes minha sina;

Que foi morrer por ti.

IV

Estás só na escuridão da vida;

Tristes pelos corredores da tristeza d'alma;

Unguento estás tu;

Irá caiu sobre teu ser;

Mortalha vivida do lamento;

Em bendito sejas;

Teu nome adeus.

V

Estou livre com a morte;

Estive preso nos teus quadros;

Tintas de amargura;

Algemas que me torturou;

Tempo! Tempo!

Mesmo enterrado;

Vejo-o distante;

E te louvo, agradeço!

Fim da história.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 06/08/2019
Reeditado em 21/08/2019
Código do texto: T6713391
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