Fazenda.

Do meu Jeep sem capota fiz uma espécie de cinema,
E na entrada da fazenda captei tão lindas cenas.
No azul do céu o sol entre nuvens irradiava,
Os seus raios de arrebol no belo dia que raiava.

Eram pastos verdejantes pelos gados mastigados,
As imagens mais marcantes daquele lugar encantado.
De longe filma-se a porteira, se ouve dela o rangido,
Qual carro de boi na ladeira, o boi a soltar seu mugido.

E já dá para avistar a varanda da amada e velha fazenda,
A cadeira de balanço que embala mirabolantes sonhos,
Onde ouvi cirandas, causos sérios e assustadoras lendas,
Onde eu canto e falo errado e de mim não me envergonho.

Galináceos, suínos, equinos,
Galinheiro , chiqueiro, curral...
Pássaros, caprinos, bovinos,
Cachoeira, riacho e matagal...
Morros, serras e muito prado,
Cheiros de estrumes e recordação...
E todo urbanismo lá deixo de lado,
E mato a saudade do lindo rincão.

O café “quentano” no fogão de lenha,
No bule antigo que esquenta saudade...
Lá tudo se abre e nada tem senha,
E lá não consegue vingar a maldade.
A noite é linda com orquestra de bichos,
O silêncio propaga a imaginação,
A natureza tem lá seus rabichos,
Que conquista deveras qualquer coração.

Já não é mais do Jeep, mas da minha saudade,
As imagens que levo do distante grotão,
São idas e vindas e tantas despedidas,
Riquíssimo acervo em meu coração.
Essa saudade que fez em mim pousada,
E vem em cheiros, chuvas, noite e dia,
Pois foi ali a minha infância de brio forjada
Sob os singelos olhares da Virgem Maria..

Uns me chamam de matuto,
Mas não sou matuto não,
Eu sou um caipira astuto,
A domar esse mundão.
Venho de um sistema bruto,
Onde o chicote é a razão,
Sou no arreio um resoluto,
E o meu orgulho é ser peão.