Que saudade
Estava na janela
Admirando a chuva
Sobre o asfalto
Sentindo o vento
gelado bater na face
Enquanto o conhaque
entornei garganta a dentro
Mirando as antenas
Da avenida Paulista
Em um momento
apanhei um disco
Chamado revolver
Cujo a capa estava
Pelo tempo corroído
Então coloquei
Para tocar na vitrola
E em um acorde
Em um suspiro
Estive de volta
Aos anos 80
Pude ter de volta
Todo aquele glamour
Todo aquele cenário
De pós ditadura
Desfilei desvairado
Pela passarela
Da avenida Augusta
Fui pela consolação
Da boca do lixo a o luxo
Respirei o concretismo
Da queles dias de luta
Briguei pela contracultura
Em movimento
E retornei de volta
A chuva
e a superficialidade
Do século 21
Em um gole
de conhaque
E quando a agulha
Pulou sobre o risco
Do disco na vitrola
Então para passar
O tempo
Enchi o copo
Acendi um cigarro
E peguei um livro.