COVEIRO DE MÁGOAS

Jamais retornarei aqueles versos

que ousavam gritar em mim os ecos

da tua voz rouca, fria e tremula!

Pois, além de nutrir-me de lamúria,

faz queimar no meu peito a fúria

de um funesto mal que me estrangula.

Aquela pedra que sofria sozinha

não mais se vestirá de coitadinha

nem usará almíscar no perfume!

Pois as mágoas apunhaladas no peito

agora jazem apodrecidas no leito

entre vermes que afagam o estrume.

Ao final, na cova deixada aberta

deixarei toda a mágoa encoberta

sob o cântico lírico dos moribundos.

...Morto, sem asas, feito demente

fingirei ser um poeta que nada sente

um bobo que sai pela porta dos fundos

Manaus (AM) 31 de Outubro de 2017

Dia do Curupira gringo, do Mapinguari sardento, da Matinta forasteira, da Boiuna estrangeira...

PS. Este foi um exercício feito em linguagem arcaica alienígena do povo de Zortz, galáxia 7 de Exndrion, nebulosa 46, século MDCLXIX, antes do esfriamento do sétimo Sol terráqueo.

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 01/11/2017
Reeditado em 28/07/2022
Código do texto: T6159374
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