Eu não sei quem de mim para e pensa
Como também não sei bem me definir
O que revolve meu ser, mais me adensa
Quantos eus me adentram não sei intuir

Se uma de mim se dispõe a caminhar
Solitária, em meio a grande multdão
A outra, vai pelas montanhas a cantar
Sou íncolas das fragas e flor do sertão

Parte de mim é rustica, a outra sociável
Ás vezes sou celeuma e outras silêncio
Sou intensa sangue quente, porém maleável
Mas não sei a qual de mim eu pertenso

Não sei qual eu, em mim é mais profundo
Se tudo é tão intenso em todo o meu ser
Derramo-me em versos pelo mundo
E às vezes não caibo em meu viver

Sou telúrica e etérea em meus devaneios
Onde as pegadas da minha alma estão
Pelas brenhas e furnas em que permeio
Nessa minha busca e eterna inqueitação

Meu olhar navega sobre as ondas do mar
Meu pensar se deita nas dunas da areia
E a que de mim é das águas e ama nadar
Desbrava o mar enquanto eu sou sereia

Kainha Brito
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