LIRA INFAUSTA...
Quando a flecha do destino
Feito luz de estrela ingrata
Varar-lhe o amargo peito,
Cessará o Amor-imperfeito
Que habitam seus tormentos?
Oh, Lira infausta da morte
Tu que és tão bela e sábia
E embala o coração que sofre
Finda essa triste noite que corre
Feito largo e tenebroso rio.
Dá-lhe jazigo ao moribundo cravo
E faz o canto da rasga mortalha
-Sombrias e tristíssimas cantigas-
Velar as mazelas adormecidas
Que regam seus eternos pesares!
E, quando o palácio azul do céu
Abrir o fosco véu de suas portas
Possam as lágrimas opulentas
Sobrestar as dores violentas
Que enlutam o infeliz coração!