SONHO NEFASTO
Amanheci desnudado em um sonho
... Com os pés molhados na solidão
Com os olhos voltados ao chão
Do porão escuro de minhas sombras
A pequena janela entreaberta do quarto
Permitia que as fagulhas do raiar do sol
Abrasassem os retalhos do velho lençol
Que vestiam minhas quietas mágoas!
No canto escuro e frio da parede
Num entrelaçado acinzentado de teias
Algumas aranhas sorrateiras
Celebravam o luto do moribundo.
Os Espirito desgraçados dos prantos
Acinzentados em tempestuosas aflições
Ritmavam os fúnebres acordeões
E o valsar de minhas flores mortas
Antes que a cura do desalento chegasse
E de mim roubasse o canto entristecido
-Sepultado em mortuário esquecido-
Ceifou-me a vida o perverso sonho!