SUAVE
A boca muda se cala
No início da noite que vinda
Do alto de uma árvore
No clamor do calor a cigarra grita
No instante fecundo de um suspiro
O coração lança nas veias seu espirro
Espirro de águas vermelhas
Rubras como groselhas
Na imensidão do mar revolto
Ondas relutam no seu caminhar
Um céu abrasador absoluto
Às esverdea para nos encantar
Na seresta vespertina
Violas tocam surdina
Acordes lúdicos e belos
Num desabrochar de flores
Num recanto à beira mar
Perfumes suaves criam elos
A brisa serena vem para abrandar
O pescador violeiro
Lança no ar sua voz com sabor de mar,
A menina faceira que passa
Se aquieta
Só para ouvi-lo cantar
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 19/01/2015