O RASGO DAS EMBAÚBAS
De todos os seres mínimos,
que aos homens devem morrer
por serem nada a seus olhos.
Dá-me dó da embaubeira!
Os outros seres superiores,
por terem elevado valor aos humanos,
servem a eles
por telhados, por comida,
por diversão... mas, a embaubeira não!
A embaubeira é um mendigo cego,
por isso, é morta sem ter seu nome inscrito
em pergaminhos, em cartas de caridade, em histórias,
e ninguém há de marcar iniciais de amor em seu tronco,
sua morte é um reino sem rei!
A embaubeira é feito aquelas pessoas
que só são vistas nos horizontes afogados
e, por isso, são julgadas de condenadas sem julgamento!
Pobre embaubeira com aqueles cabelos longos,
com a silhueta fina de princesa... apagada vai sempre
e só se acende nas cuivaras a ser lenha para o nada?
Não!
O fruto nas mãos da manhã,
o sol das bajas do arroz em tons de lua
estão cheios de embaubeiras,
e é por isso que as amo,
porque da morte prematura da embaúba
nasce, sem o homem cego saber, o húmus do roçado do cosmo inteiro:
onde, um dia, há de repousar
nosso corpo completo!