O RASGO DAS EMBAÚBAS

De todos os seres mínimos,

que aos homens devem morrer

por serem nada a seus olhos.

Dá-me dó da embaubeira!

Os outros seres superiores,

por terem elevado valor aos humanos,

servem a eles

por telhados, por comida,

por diversão... mas, a embaubeira não!

A embaubeira é um mendigo cego,

por isso, é morta sem ter seu nome inscrito

em pergaminhos, em cartas de caridade, em histórias,

e ninguém há de marcar iniciais de amor em seu tronco,

sua morte é um reino sem rei!

A embaubeira é feito aquelas pessoas

que só são vistas nos horizontes afogados

e, por isso, são julgadas de condenadas sem julgamento!

Pobre embaubeira com aqueles cabelos longos,

com a silhueta fina de princesa... apagada vai sempre

e só se acende nas cuivaras a ser lenha para o nada?

Não!

O fruto nas mãos da manhã,

o sol das bajas do arroz em tons de lua

estão cheios de embaubeiras,

e é por isso que as amo,

porque da morte prematura da embaúba

nasce, sem o homem cego saber, o húmus do roçado do cosmo inteiro:

onde, um dia, há de repousar

nosso corpo completo!

MIRANIL MORAES TAVARES
Enviado por MIRANIL MORAES TAVARES em 08/11/2012
Reeditado em 03/06/2014
Código do texto: T3975501
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