FIO

Há que recuperar o linho grosso

Do silêncio.

Sua trama e trigo,

Os caminhos solitários do silêncio,

Habituados pela memória.

E a vasta seda quase em ruínas

Dos mares

Onde a lua se faz peixe,

Há que recuperá-la,

Barco por barco ,fio por fio,

Para poder sonhá-la outra vez.

Há que recuperar o pão repartido,

O mapa escrito na pele do outro,

Sua intimidade e partitura,

Feito com o mesmo tecido das estrelas.

E então, diante do fogo reinventado,

Diante do sol, do vento e da chuva,

Estender as mãos.

Livro: Um Deus para 2000 pág. 49

Autor: Juan Arias

Juan Arias
Enviado por Madalena Gomes em 25/09/2012
Código do texto: T3900555
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