Há que recuperar o linho grosso
Do silêncio.
Sua trama e trigo,
Os caminhos solitários do silêncio,
Habituados pela memória.
E a vasta seda quase em ruínas
Dos mares
Onde a lua se faz peixe,
Há que recuperá-la,
Barco por barco ,fio por fio,
Para poder sonhá-la outra vez.
Há que recuperar o pão repartido,
O mapa escrito na pele do outro,
Sua intimidade e partitura,
Feito com o mesmo tecido das estrelas.
E então, diante do fogo reinventado,
Diante do sol, do vento e da chuva,
Estender as mãos.
Livro: Um Deus para 2000 pág. 49
Autor: Juan Arias