CASA VELHA

CASA VELHA

onde nasci,

onde viveu minha infância,

onde quase cresci,

hoje só uma imagem,

no santuário da alma;

latente em minhas veias.

brinquedos que construia,

pipas, fincas, bolas de meia.

embalavam minhas ilusões.

livres, coloridos balões,

pelo céu de meu quintal.

banhos na cachoeira,

cirandas que a vida levou,

sonhos imensos,

conquistar o infinito,

visitar o zênite,

vasculhar todo bairro,

comer tantos frutos,

viver todos minutos,

casa de barro...

recordações ...

hoje, ouço em meu ouvido,

estalos da madeira do telhado,

ranger de portas,

habitadas por cupins,

duvido que alguém

não possa ser feliz.

a calha torta,

derramava a água da chuva

de verão,

(tinha tanto medo de trovão);

roupa suja de rua,

manchada de saudade,

a lua se expunha nua,

enluarando a cidade.

tempos que vivem vivos;

da mente, cativos,

a repetitiva cantiga,

te amo casa antiga!

[gustavo drummond]