A GAIVOTA E O TIMONEIRO

Lá onde o horizonte nasce

de braços abertos para o mar

uma gaivota inicia seu voar

para onde lhe leva o vento.

Rasando vai no azul das ondas

tentando o peixe adivinhar

nas águas pardacentas a nadar

o vislumbre esguio que promete.

Molhada pelas águas a gaivota

uma a uma as penas põe-se a alisar

como um timoneiro de bem navegar

oleando o motor do barco ensejado.

Secas as penas alça voo no céu

enquanto o timoneiro se põe a olhar

granjeando um bom despertar

com o qual bem cedo se fez às águas.

Nisto a nossa gaivota não esmorece

lés a lés desenhando-se no ar

e no preparo único para mergulhar

recolhe as asas coladas ao corpo.

Gaivota e timoneiro no horizonte

buscam ao sol o que é de bom buscar

aquilo porque aquilo foram pescar

ainda mal nascia o dia lá mais em baixo.

Bem alimentada a nossa gaivota

mas cansada de bom esvoaçar

acerca-se do barco para roubar

as redes repletas de peixe amiúde.

Um escarcéu tremendo cerca as redes

são gaivotas que se vão alimentar

do mesmo que a nossa soube esmiuçar

quando do céu se fez ao mar e ao pitéu.

Com a barcaça cheia regressam ao porto

os pescadores com olhos de cansar

quem os seus neles poise o olhar

e logo ali repartem o seu quinhão.

Como uma figura emblemática

a nossa gaivota depois de fasear

as idas e voltas que a souberam levar

à comida, alça voo para não mais se ver.

Jorge Humberto

28/01/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 29/01/2010
Código do texto: T2058423
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.