A POESIA ENEVOADA

O mar revoltoso me encantava o coração

Incitava-me a buscar sem devaneios,

Com os olhos carregados de esperança

A procurar na emoção do amor, os teus enleios...

Entre a cerração que ofuscava-me a procura

Buscava, ao som do mar em fúria de chuva e maresia,

Alguma marca dos teus passos pela branca areia

Donde as frenéticas ondas apagaram-te a travessia...

Caminhei assim por dias e tardes enevoadas

Sob nuvens enegrecidas, tormentosas de presságios

Onde aves negras voavam apressadas, aguerridas

A cortar o vento e a cantar à minha incansável busca

Num cantar lúgubre e pesaroso, como num adágio

Caí por terra a prantear a procura tanta

Que parecia fadada ao desencanto, infortúnio

Quando, por entre a bruma enevoada,

Por entre raios e trovoadas, num instante

Ao longe, sob um arco-íris desfraldado,

Trêmula e encharcada, tu também me buscava

A Poesia Enevoada

(Daniel Amaral)

15/10/2009

Daniel Amaral
Enviado por Daniel Amaral em 15/10/2009
Reeditado em 07/05/2012
Código do texto: T1868114
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.