DESPEDIDA DO VERÃO

Um cheiro agradável a terra molhada,

cheiro esse deixado pela mais recente

chuvada,

invadindo e encharcando jardins e

enchendo de ar puro o ar que respiro,

entra por mim a dentro, por todos os

meus poros de pele eriçada.

Fecho atrás de mim a janela de meu

quarto, e, virando-me, pequenos rios,

correm pelo vidro, tomando-o por

inteiro, nas suas mais incríveis linhas

naturais, ao que pela natureza prevaleceu.

O trovão que se aproxima, ribombando

deixa adivinhar,

nas ondas sobressaltadas do rio,

acompanhadas de fortes relâmpagos,

nova e bem mais encarniçada chuva.

Um louva-a-deus imóvel no jardim, junto

às fartas rosas e unidas umas às outras,

suporta os pingos de água que as mesmas

largam, libertando-se do excesso líquido.

E o cheiro a hortelã é cada vez mais nítido,

quando a chuva recomeça a cair em grande

força, libertando olores mais e mais fortes,

o que me causa uma certa irritação,

sensível às fragrâncias que se mostrem

mais acentuadas.

De capa e capuz me cobrindo deixo-me fustigar

pela água e reparo enaltecido, no movimento

circulatório, que o nosso louva-a-deus

executa lentamente, até alcançar a segurança

de uma grande folha, de uma não menos grande

rosa, tentando fugir à raiva do vento e

à fúria da chuva, que cairá o resto do dia

e da noite, sem intervalos pelo meio.

Regresso a casa todo molhado mas satisfeito

pelas maravilhas da natureza.

Jorge Humberto

18/09/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 19/09/2009
Código do texto: T1819424
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