Janela do paraíso
De manhã abro a janela
O sol já vai dando bom dia
Lá no monte em aquarela
Pinta as cores do novo dia
A neblina se esmaecendo
Deixando entrever o rio
No seu leito calmo e sereno
Rompendo a nuvem de frio
Da minha janela vejo
O sol marcando as horas
No curral segue o manejo
Do gado querendo ir embora
O pasto tão verde e molhado
De sereno salpicado
Convida o rebanho manso
A ruminar o gramado
Meio-dia, o sol estatela
A fazenda para sua lida
E o vento que sai da janela
Leva o cheiro da comida
E o patrão chamando “ô Zeca”
Vem que hora do almoço
Vamos encher as canecas
Deixa o gado ir ao poço
À tardinha, da janela.
Vejo a fazenda descansar
O gado descendo a serra
E a seriema a cantar
Bem perto do meu terreiro
No pé de jequitibá
E a viola e o violeiro
Vem pra varanda a tocar
À noite da minha janela
Vejo a lua que se esgueira
Por entre as nuvens e as matas
Fazendo fundo na palmeira
Nunca vi tanta beleza
Nunca vi coisa mais bela
Postal vivo da natureza
Que vejo da minha janela
Maria Helena S. Ferreira Camilo C. Lucas