Tudo tem seu tempo
E meu relógio do tempo parou
Não tenho mais os compromissos formais
O meu relógio eu regulo aos meus ais
Quando choro, ele teme e treme
E pára e geme, como eu, do não sei quê.
No preciosismo da sua própria precisão
Bate e martela, agora digital, em mim.
É um guru muito bruto. Aponta o minuto
Com mais precisão. Os segundos ensurdecem!...
E as horas mortas, como que ressuscitam.
E se fazem eternas. Perenes como as preces
Que deixei de fazer!...
O resultado disto tudo é isto:
A solidão é mais sólida,
O gosto do nunca está bom
E do que o bom que nunca virá.
Vou recuperar meu relógio
O “Cuco” que só me guia
A cada quinze minutos.
Seria um insulto ao relógio
Que no pulso, hoje, trago
Que guarda os meus segredos
Com sua agenda e senhas.
Fico entre o asfalto e a brenha
Entre a saudade e o empenho
De rever quem eu queira
Ou queria rever. Sim!... Um lapso
Do tempo qualquer. Um segundo
Ou dele um outro lapso.
Porque os olhos têm seus segundos
E focam e jogam na memória
O tempo, que se ido, retornam
Inda que nublados, mas volvem
E nos envolvem. Com a graça
Que nem nos cabe mensurar...adivinhar!
Os relógios são uns “saco”!...
Faz do abstrato o concreto
E nada de certo nos dá em sua forma.
Só enche o saco da saudade
E mais ainda. Este tempo que levei
Escrevendo vi as imagens voando
Como as bolas de sabão do meu Neto.
Perdidas todas ao vento.
Lembrei-me de ti, de você, de mim
E de nós! E, do quase nada que restou!
Vou reaprender a datilografar
Prá gastar menos tempo da memória!...