A palavra é cúmplice dos solitários
Soam e fluem como os utilitários
Nos momentos menos improváveis
- como no banheiro- mas são potáveis.
E a gente usa o papel higiênico e escreve
Um poema que de ordinário deveria feder
Mas não fede!... Respinga o cheiro
Do nosso amor mais verdadeiro
Quando eu era pequeno...
Nunca sonhei com um poema
A “licença” era controlada
Uma mulher nos guardava e nada
Do que sentíamos tinha valia.
Era Ela que controlava a nossa pena
O tempo de mijar e o outro...
Como escrever um poema?
Se à duras penas, o papel
Mal que servia e o tempo
- todo poema tem um tempo –
Reflexão, tema, conteúdo e,
Concentração!... Você na febre
Do poema... e, Ela bate na porta!
E, lá se vão o poema e a bosta!...
Voltávamos à aula e, quem sabe,
Mais tarde nascerá outro poema!...
Se a outra censora insossa,
Não nos disser: “Você nem vai!..”